Julianazati

Infância – Os valores ensinados diante de um joelho ralado

A educação ao longo dos anos vem se modificando de formas drásticas, e a competitividade existente, faz com que os pais, cada dia mais se vejam na obrigação de fornecer aos filhos tudo que eles possam aprender, para no futuro, serem adultos supervalorizados e bem-sucedidos.

Contudo, de acordo com o pediatra e pesquisador Daniel Becker, essa atitude vem diariamente levando a geração de crianças atuais, a níveis de alerta, pois muitos se esquecem que os pequenos precisam viver sua infância como realmente deve ser.

De acordo com Becker, os pais dão um valor superestimado ao contato com diversas aulas, adultos ensinando, atividades diferenciadas, aulas de dança, música e demais, acabando por esquecer do essencial para os pequenos, a brincadeira.

Pelo erro dos pais em pensar que os filhos só se tornarão bem-sucedidos se tiverem todas as aulas disponíveis possíveis, as crianças crescem como pequenos adultos, e não deixam que sua infantilidade floresça.

O que muitos não sabem, é que esse tipo de atitude pode no futuro criar crianças e mais a frente adultos, que não saberão ter o convívio adequado com outras pessoas, tudo isso, porque pularam fases e aprendizados que são necessários para a formação psicológica da criança.

É essencial que a criança tenha acesso as brincadeiras, que possa ir ao parque e interagir com outras crianças, pois, é nessa interação que a criança irá desenvolver a interação, empatia, aprender a ouvir o outro, a negociar, se fazer ouvir, resolver problemas, ter criatividade, imaginação, auto estimulo, coragem e tantas outras habilidades sociais que nenhuma outra atividade será capaz de proporcionar.

As crianças têm que aprender a ser crianças e se portar como tal, afinal, é necessário que elas corram, tenham autenticidade, gritem, se expressem, façam amizades, discutam e sejam valentes para enfrentar os obstáculos.

Atualmente, muitos estudiosos com pesquisas em andamento afirmam que crianças de gerações recentes, que viverão uma rotina onde não se permitia as brincadeiras necessárias e a socialização, acabaram por se tornar adultos, que não sabem dividir, são narcisistas, que fogem dos problemas, não conseguem lidar com os conflitos e muito menos com as frustrações.

Ou seja, reforçando o discurso inicial, crianças precisam ser crianças. Elas precisam aprender a se posicionar e resolver seus próprios problemas, pois, na frente, elas que terão que agir por si só.

Se os pais enquanto ele estiverem pequenos, interferirem e mediarem os problemas, os filhos em seus futuros não conseguirão sozinho ultrapassar as barreiras que podem ser impostas a eles.

Becker ainda continua, dizendo que se uma criança cai, rala o joelho e em seguida se levanta, mesmo sentindo dor, ela pode observar, que no dia seguinte, o machucado já vai estar se cicatrizando, e que mais a frente, até mesmo a cicatriz irá desaparecer.

Esse tipo de ensinamento que existe genuinamente na infância, ajuda os pequenos a se tornarem adultos que conseguem se levantar de dificuldades que a vida possa impor em seu caminho, pois sabem, que após a dor, há a recuperação e tudo aquilo passará, fazendo com que no futuro, ele não sinta mais nada.

Toda essa lição, demonstra que podemos sim, inserir diversas atividades no dia a dia das crianças, mas, não podemos nos esquecer que entre essas atividades é necessário encaixar os momentos de socialização e brincadeiras, a fim de que possamos ter uma rotina saudável para a criança, ajudando seu intelecto ao mesmo tempo em que se desenvolve seu emocional.

Devemos relembrar as infâncias do passados, e reviver os momentos gostosos em que os pés tocavam a areia do campo de futebol em busca da bola, assim como ficavam ralados os joelhos ao cair correndo na brincadeira do tica-tica.

E essencial termos vivos em nossas memórias as comidinhas preparadas com as folhas do quintal, que eram servidas com as sementes catadas de perto das arvores, de forma generosa para todas as coleguinhas.

Todas essas brincadeiras inocentes acabaram por nos dar uma aprendizagem genuína sobre a vivência em sociedade, e é esse conhecimento que devemos também atribuir aos nossos filhos. A junção do intelecto de aulas e atividades com a brincadeira infantil é a medida perfeita para uma criança completamente saudável e feliz.

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